O recente lançamento do World Energy Outlook 2012 pela
Agência Internacional de Energia, lançou o debate na opinião pública sobre o futuro
papel dos Estados Unidos na matriz energética mundial. De terceiro maior produtor
e maior importador, os americanos poderão vir a tornar-se, no final da década e
de acordo com as previsões da agência, no maior produtor mundial de petróleo e
gás natural do mundo invertendo a tendência dos últimos anos. Por volta de 2030
os Estados Unidos correm o “risco” de ultrapassarem a Arábia-Saudita como maior
exportador de petróleo do planeta. Na base desta nova tendência estão os
avanços no domínio da extração de petróleo não convencional.
Em 2011, aproximadamente 60% (conferir aqui) do crude refinado nos Estados Unidos foi importado de outros países. Apesar das exportações de produtos petrolíferos refinados, o balanço energético americano foi de 45% negativos que consegue, ainda assim, ser o valor mais baixo desde 1995.
Fonte: IEA - World Energy Outlook 2012
Em 2011, aproximadamente 60% (conferir aqui) do crude refinado nos Estados Unidos foi importado de outros países. Apesar das exportações de produtos petrolíferos refinados, o balanço energético americano foi de 45% negativos que consegue, ainda assim, ser o valor mais baixo desde 1995.
No setor do gás natural a história é semelhante. Graças ao
aperfeiçoamento das técnicas de fraturação hidráulica (fracking), ainda
envolvidas em grandes dúvidas devido à possibilidade de constituirem uma séria
ameaça ambiental, no espaço de 5 anos os Estados Unidos ultrapassaram a Russia
como maior produtor mundial desta fonte energética.
A transição americana da sua base energética para o gás
natural em substituição do carvão, outro recurso abundante nos Estados Unidos,
é uma boa notícia do ponto de vista ambiental se bem que o balanço final deva
resultar, ainda assim, num aumento global das emissões de poluentes. Isto apesar
dos americanos estarem a queimar mais gás, o que resulta numa taxa de emissões
poluentes por unidade de energia bastante inferior à do carvão.
Com esta deriva não se pense que o carvão vai começar a
ficar “adormecido” no subsolo americano. As exportações de carvão dos Estados Unidos
têm aumentado e veja-se, na imagem abaixo, o seu destino:
A nova tendência parece ser a dos Estados Unidos, com este
novo paradigma, estarem a ver-se livres do seu abundante e poluente carvão
vendendo-o à Europa e Ásia, não apenas para a produção de eletricidade mas
sobretudo para a industria pesada de produção/transformação de metais
(metalurgia). As economias emergentes estão a absorver este recurso com uma
avidez formidável.
Seja somo for a matriz energética mundial tende a alterar-se
radicalmente. A transição do petróleo e gás convencional para o não
convencional vai trazer consequências ao nível dos preços pois a sua extração é
bastante mais dispendiosa. E ainda não são totalmente conhecidas as verdadeiras
consequências ambientais destas novas formas de “espremer” o planeta.
Não acredito na manutenção do atual modelo económico mundial, onde tudo viaja de um lado para o outro do mundo. A seu tempo, o preço da energia ditará a morte da globalização tal como a conhecemos.