domingo, 30 de dezembro de 2012

BALANÇOS



À beirinha da entrada num novo ano é altura de se fazerem os habituais balanços e reflexões sobre os doze meses que terminam e perspetivar a dúzia que se segue. Ele há balanços para todos os gostos. Desde os mais complexos e exatos, como os contabilísticos e “Excelianos”, aos mais pessoais, sentimentais e apaixonados. Certo é que todos nós gostamos de “balançar” nesta época em jeito de preparação para o futuro. Aliás é uma forma de fazermos jus à máxima “ano novo vida nova”.
O ano que agora termina trouxe-nos de tudo um pouco e foi vivido com grande incerteza que transita para 2013.  No entanto, em 2012 talvez o mundo tenha percebido de uma vez por todas que vive num modelo de desenvolvimento absolutamente insustentável. E quando escrevo o “mundo” refiro-me aos que sofrem na pele com esta globalização criada pela alta finança para empobrecer uns e enriquecer outros tornando os seres humanos em meros peões que alimentam a avidez dos “senhores do dinheiro”, autênticos saqueadores dos tempos modernos que, à distância de um clique, jogam as suas “peças” no xadrez económico mundial. Cada vez mais temos a noção de que o mundo está mais pequeno. Porque a economia global tenderá a voltar a ser local. É este o resultado da famosa globalização que nos “venderam” como geradora de riqueza, desenvolvimento, sustentabilidade e equidade. Um mundo estrangulado e dominado por meia dúzia de abutres sedentos de dinheiro e poder.
No domínio da energia, 2012 veio confirmar que um novo mapa mundial se começa a desenhar. O aperfeiçoamento de tecnologias de exploração de recursos de difícil acesso (petróleo e gás) fizeram com que a Agência Internacional da Energia projetasse os Estados Unidos como potencial maior produtor mundial destas fontes daqui a mais ou menos 20 anos, ultrapassando árabes e russos. A exploração dos recurso submarinos aumentou consideravelmente. Hoje, extrair petróleo em águas muito profundas é uma realidade incontornável. Este aumento, inequivocamente relacionado com a exaustão do petróleo convencional, trará consequências ao nível dos preços. As novas técnicas são substancialmente mais dispendiosas e ambientalmente imprevisíveis. O sistemas energéticos mundiais encontram-se, a terminar 2012, nos mais variados estágios de desenvolvimento. No entanto todos os países partilham o mesmo problema: todos se encontram longe da sustentabilidade, um trilema que relaciona a capacidade de satisfazer a procura, com equidade de custo para todas as populações e reduzido impacto ambiental.
No topo da lista dos países mais sustentáveis (ou menos insustentáveis se preferirmos)  estão a Suécia, a Suíça, o Canadá e a Noruega. E o segredo parece ser a diversidade de fontes nas suas matrizes energéticas. Desenha-se um modelo em que nenhuma fonte será dominante como até agora tem sido. O sucesso estará na integração de várias fontes, renováveis e não renováveis, umas a trabalhar com as outras. Veja-se o uso de centrais solares nas modernas tecnologias de extração gás de xisto, nos Estados Unidos. Até as economias emergentes já o perceberam. A relação economia-energia espelhou-se na relação consumo-crescimento económico. Os países que viram as suas economias crescer viram, também, aumentar o consumo de energia enquanto os países estagnados ou economicamente retraídos observaram um decréscimo de consumo, como Portugal e as suas regiões autónomas. Em jeito de conclusão pode dizer-se que o mundo percebeu, em 2012, que o seu padrão de desenvolvimento terá de se alterar. A intensidade que o Homem coloca na expurgação dos recursos naturais do planeta tornou-se uma ameaça letal. A solução é a diversificação das matrizes energéticas, a racionalidade no consumo e a eficiência. O ano 2012 nunca mais voltará e o planeta nunca mais será como é no virar do ano. Poderá, daqui a doze meses, estar a melhorar. Assim queiramos “balançar” no sentido certo.
Um excelente 2013 para todos! 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

PORQUE É NATAL...



E pronto! Chegou mais um Natal e foi-se mais um ano. Nesta época é normal fazermos um balanço do ano que passou e projetar o que se segue. Envolvidos numa crise económica e social sem precedentes a tentação é encarar o futuro com algum pessimismo. Ao proceder desta forma estaremos a agudizar as dificuldades e a atrair más energias!

Neste espaço onde os temas energia e sustentabilidade são reis e senhores deixo uma mensagem de esperança, força e positivismo! Porque acredito que 2013 será uma ano de adaptação a uma nova realidade e a uma nova vida para muitos de nós.

A vitória só será alcançada recorrendo à mais poderosa, abundante e sustentável fonte energética do planeta! A NOSSA ENERGIA! A que nasce do nosso querer, determinação, perseverança e  espírito de cidadania.

Afinal, a energia é fonte de VIDA! E com MAIS ENERGIA, MAIS VIDA!

Um abraço de BOAS FESTAS e um Feliz 2013!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

UM NOVO PARADIGMA: A BEM OU A MAL!


Para quem ainda tinha dúvidas, o relatório “Living Planet Report 2012” publicado pelo World Wide Fund for Nature confirma a insustentabilidade do modelo económico e de desenvolvimento do mundo moderno. A nossa pegada ecológica, um indicador da pressão humana sobre a natureza que compara a exploração da biosfera em contraste com a capacidade regenerativa da Terra e dos seus recursos naturais, estabelece que, atualmente, o mundo “consome” o equivalente a um planeta e meio para suportar a sua atividade. A este ritmo e insistindo neste modelo, continuaremos a exigir do planeta muito mais do que naturalmente ele nos pode dar. Um dos termos que “nasceu” com a globalização e a internacionalização dos mercados foi a palavra “commodity”, um anglicismo que significa simplesmente mercadoria, bem ou matéria-prima, normalmente extraída da terra e que se carateriza por ter um preço mais ou menos universal sem atender a origens ou marcas. Como exemplos de “commodities” temos o arroz, o cobre, o algodão, o feijão, a soja, o trigo, a borracha, o carvão ou o petróleo. Na mudança do século XX para o XXI deu-se algo curioso e alarmante. O preço do cabaz das principais “commodities” decresceu a uma taxa média anual de 1,2% durante o século XX. Isto deu-se apesar dos picos dos preços durante as duas Grandes Guerras e na crise petrolífera dos anos setenta. Este admirável decrescimento teve origem no aumento da eficiência dos processos produtivos e fomentou o crescimento económico global. Todavia, a situação mudou na viragem do século, entre 2000 e 2010. O preço do mesmo cabaz de bens subiu em dez anos, praticamente o mesmo que caiu durante todo o século XX! O motivo parece ser o extraordinário aumento da procura dos países em desenvolvimento - China, Brasil, Índia, Rússia, México, Turquia e outros. O aumento exponencial do consumo destes bens está a torná-los mais escassos, o que tem duas consequências inevitáveis: por um lado a subida dos preços aumenta a pressão sobre os sistemas financeiros à escala global, regional e nacional, especialmente nos países em estagnação ou contração económica. Outra consequência é que o aumento do consumo está a ter um impacto cada vez mais nefasto sobre o ambiente, o que, por sua vez, também afeta negativamente as economias. Não existe melhor exemplo para se perceber este mecanismo do que considerarmos as “commodities” energéticas.


 Mais de 80% das fontes primárias de energia que movem este mundo continuam a ser de origem fóssil, o que contribuiu decisivamente para o aumento das emissões de CO2 e para a intensificação das alterações climáticas. Por mais que os profetas da conspiração o  queiram negar, este facto parece cada vez mais incontornável.  Estas por sua vez aumentam a frequência dos eventos climatéricos extremos que reduzem a produtividade agrícola à escala regional, afetando negativamente a economia e a segurança alimentar. Com o aumento da população mundial amplamente atribuída aos países com economias emergentes, a procura de recursos naturais energéticos continuará a crescer, embora encontrar novas fontes e assegurar a sua viabilidade económica e ambiental da sua extração seja cada vez mais crítico e dispendioso. Além disto satisfazer a procura exige um investimento crescente em inovação e aumento da produtividade num contexto em que o acesso ao crédito é cada vez mais difícil. Não restem dúvidas de que estamos perante um paradigma de desenvolvimento mundial insustentável. É imprescindível uma transição para um novo modelo baseado na equidade e que associe as necessidades a médio e longo prazo das economias às variáveis ecológicas e ambientais. É uma transição difícil que irá exigir uma alteração comportamental de todos nós. E assim será, a bem ou a mal!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

iLumini: INOVAÇÃO E EFICIÊNCIA


 Large and Small iLumis with App

Na semana passada, empreendedores norte-americanos apresentaram uma nova lâmpada LED eficiente, a iLumini que pode durar 20 anos e ser controlada por um smartphone. A lâmpada utiliza a tecnologia HyperLux, que permite a sua programação em termos cromáticos e utiliza a tecnologia Bluetooth para receber informação. Tal como vários outros projectos de empreendedorismo norte-americanos, a iLumi está em processo de financiamento. Segundo os dois autores do projecto, Corey Egan e Swapnil Bora, a iLumi pode ser programada através dos sistemas operativos Android e iOS, e produzem uma multiplicidade de cores e sombras.
Cada iLumi tem um alcance de 30 metros e pode, inclusivamente, comunicar com outras lâmpadas, através de uma rede de bluetooth. Por outro lado, as lâmpadas podem ser customizadas para horários individuais, que as ligam e desligam ou tornam mais fortes e fracas. Podem também mudar de cor em vários momentos do dia.
Mais: as lâmpadas têm sensores de proximidade e acendem-se e desligam-se à medida que uma pessoa anda pela casa. Podem, ainda, sintonizar uma rádio ou música, através de aplicações que podem ser compradas.
Segundo os responsáveis pela nova lâmpadas inteligentes, quem comprar a iLumi pode poupar 25% dos custos de energia por mês, sendo que esta se paga múltiplas vezes ao longo de 20 anos. A lâmpada, de 15 watts, pode cortar os custos anuais em €260. 

Bluetooth Control    

Mobile App
 iLumi Scene


Assista ao vídeo promocional:
http://vimeo.com/ilumisolutions/ilumilaunch

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

ENERGIA: UM NOVO IMPULSO?



Com um novo governo regional, uma nova orgânica governativa e uma nova dinâmica, desejável e imprescindível, exigem-se desafios estruturantes para a prometida “governação renovada”. Confirma-se que continuará a existir uma direção regional afeta à energia (DRE), integrada na Secretaria Regional do Turismo e Transportes. A integração da energia nesta estrutura governativa pode ser questionável mas o que importa é entender e definir quais os desafios para a futura DRE. Na sua intervenção no âmbito da apresentação do programa de governo, o novel secretário do turismo e transportes dedicou alguns (poucos) parágrafos do seu discurso ao setor energético da região e à estratégia delineada para o impulsionar e dinamizar. Reconhecendo a sua importância e caráter determinante, o governante elencou alguns pontos que lançam para a opinião pública a ideia de que os segmentos renováveis e eficiência energética serão, porventura, os desígnios emergentes da futura política energética regional. Reconhecendo a importância do setor elétrico como um os mais importantes para o desenvolvimento dos Açores, afirmou que não abdica da convergência do tarifário elétrico. Não se trata de abdicar ou não mas sim de esperar que a folha de cálculo do ministro Gaspar não lhe “diga” para cortar a subsidiação do tarifário elétrico regional, poupando alguns milhões de euros à república e lançando o setor energético regional em colapso e, por arrasto, as nossas carteiras. Propõe ainda o Secretário Vítor Fraga disponibilizar análises de eficiência energética a baixo custo aos lares e aos empreendimentos interessados. Não me parece que seja esta uma missão direta do governo mas sim do setor empresarial. A menos que o governo pretenda tornar-se concorrente das unidades que podem e devem oferecer esse serviço às populações e empresas. Outra estratégia que  parece transpirar da proposta é a intenção de criar condições ao surgimento de um maior número de micro e mini produtores elétricos integrados na rede elétrica regional. Numa região com a nossa configuração geográfica e elétrica, conciliar esta abordagem com o peso e monopólio da EDA e com a matriz física existente não se afigura como fácil, ou sequer exequível. Falou ainda na consolidação da implementação dos programas de sensibilização para uma utilização racional da energia elétrica e para a requalificação do edificado açoriano para parâmetros de maior eficiência energética. Neste domínio a DRE deverá desempenhar um papel fulcral, passando de mera estrutura licenciadora e administrativa a unidade dinamizadora e implementadora de programas sérios e abrangentes que possam criar alicerces que consolidem uma maior sensibilidade dos açorianos para o paradigma da energia no mundo atual. Quanto à mobilidade elétrica tudo se resume a duas questões: aceitação social e incentivos financeiros, com estes a serem determinantes e porventura impeditivos na atual conjuntura económica.
Em resumo, os desafios impulsionadores estão lançados. Para a sua concretização é imprescindível uma Direção Regional da Energia com novas ferramentas funcionais e financeiras, com autonomia operacional e com uma nova missão que ultrapasse as fronteiras de mera executante administrativa, técnica e legislativa. Terá de conciliar as funções atuais, ao nível de licenciamentos e certificação, com uma dinâmica proativa e responsiva em consonância com as restantes instituições regionais, públicas e privadas, empresas, escolas e instituições de ensino/formação para que, de uma vez por todas, a sociedade entenda a eficiência energética como uma estratégia estrutural e não circunstancial, sendo, ainda, a estratégia menos dispendiosa num cenário de melhoria da nossa sustentabilidade.