À beirinha da entrada num novo ano é altura de se fazerem os habituais
balanços e reflexões sobre os doze meses que terminam e perspetivar a dúzia que
se segue. Ele há balanços para todos os gostos. Desde os mais complexos e
exatos, como os contabilísticos e “Excelianos”, aos mais pessoais, sentimentais
e apaixonados. Certo é que todos nós gostamos de “balançar” nesta época em
jeito de preparação para o futuro. Aliás é uma forma de fazermos jus à máxima
“ano novo vida nova”.
O ano que agora termina trouxe-nos de tudo um pouco e foi vivido com grande
incerteza que transita para 2013. No
entanto, em 2012 talvez o mundo tenha percebido de uma vez por todas que vive
num modelo de desenvolvimento absolutamente insustentável. E quando escrevo o
“mundo” refiro-me aos que sofrem na pele com esta globalização criada pela alta
finança para empobrecer uns e enriquecer outros tornando os seres humanos em
meros peões que alimentam a avidez dos “senhores do dinheiro”, autênticos
saqueadores dos tempos modernos que, à distância de um clique, jogam as suas
“peças” no xadrez económico mundial. Cada vez mais temos a noção de que o mundo
está mais pequeno. Porque a economia global tenderá a voltar a ser local. É
este o resultado da famosa globalização que nos “venderam” como geradora de
riqueza, desenvolvimento, sustentabilidade e equidade. Um mundo estrangulado e
dominado por meia dúzia de abutres sedentos de dinheiro e poder.
No domínio da energia, 2012 veio confirmar que um novo mapa mundial se
começa a desenhar. O aperfeiçoamento de tecnologias de exploração de recursos
de difícil acesso (petróleo e gás) fizeram com que a Agência Internacional da
Energia projetasse os Estados Unidos como potencial maior produtor mundial
destas fontes daqui a mais ou menos 20 anos, ultrapassando árabes e russos. A
exploração dos recurso submarinos aumentou consideravelmente. Hoje, extrair
petróleo em águas muito profundas é uma realidade incontornável. Este aumento,
inequivocamente relacionado com a exaustão do petróleo convencional, trará
consequências ao nível dos preços. As novas técnicas são substancialmente mais
dispendiosas e ambientalmente imprevisíveis. O sistemas energéticos mundiais
encontram-se, a terminar 2012, nos mais variados estágios de desenvolvimento.
No entanto todos os países partilham o mesmo problema: todos se encontram longe
da sustentabilidade, um trilema que relaciona a capacidade de satisfazer a
procura, com equidade de custo para todas as populações e reduzido impacto
ambiental.
No topo da lista dos países mais sustentáveis (ou menos insustentáveis
se preferirmos) estão a Suécia, a Suíça,
o Canadá e a Noruega. E o segredo parece ser a diversidade de fontes nas suas
matrizes energéticas. Desenha-se um modelo em que nenhuma fonte será dominante
como até agora tem sido. O sucesso estará na integração de várias fontes,
renováveis e não renováveis, umas a trabalhar com as outras. Veja-se o uso de
centrais solares nas modernas tecnologias de extração gás de xisto, nos Estados
Unidos. Até as economias emergentes já o perceberam. A relação economia-energia
espelhou-se na relação consumo-crescimento económico. Os países que viram as
suas economias crescer viram, também, aumentar o consumo de energia enquanto os
países estagnados ou economicamente retraídos observaram um decréscimo de
consumo, como Portugal e as suas regiões autónomas. Em jeito de conclusão pode
dizer-se que o mundo percebeu, em 2012, que o seu padrão de desenvolvimento
terá de se alterar. A intensidade que o Homem coloca na expurgação dos recursos
naturais do planeta tornou-se uma ameaça letal. A solução é a diversificação
das matrizes energéticas, a racionalidade no consumo e a eficiência. O ano 2012
nunca mais voltará e o planeta nunca mais será como é no virar do ano. Poderá,
daqui a doze meses, estar a melhorar. Assim queiramos “balançar” no sentido
certo.
Um excelente 2013 para todos!