sábado, 23 de fevereiro de 2013

ILUMINAÇÃO PÚBLICA: O NOVO QUADRO TARIFÁRIO E A FATURA DOS MUNICÍPIOS (1ª parte)



Notícias recentes evidenciam a preocupação de alguns municípios com as faturas da energia elétrica destinada à iluminação de vias municipais, genericamente designada por iluminação pública (IP). Esta “aflição” deve estender-se a muitos dos municípios da região e continente que, independentemente da dimensão das suas redes, viram o montante das faturas aumentar significativamente em janeiro deste ano.
Até dezembro de 2012 existiu uma tarifa especial para IP que vigorou no Continente e Regiões Autónomas. Enquanto no Continente e Madeira este valor foi de 0,11€ por kWh, nos Açores o custo unitário fixo foi de 0,0888€ por kWh traduzindo uma diferenciação de cerca de 20%. De acordo com o Regulamento do Tarifário em vigor deste 2011 o termo da vigência destas tarifas estava previsto há muito tempo conforme os pressupostos do regime de convergência do tarifário que, como se sabe, garante aos consumidores insulares as mesmas tarifas de referência praticadas no Continente em mercado regulado. Extintas as tarifas especiais, passou a aplicar-se o tarifário geral de fornecimento em baixa tensão deixando de existir diferenciação relativamente ao destino do consumo especificamente para a IP.
Em cumprimento do Regulamento de RelaçõesComerciais do Setor Elétrico (RRCSE), mais concretamente do ponto um do artigo 318º, a EDA terá (?) comunicado aos consumidores de IP (governo e municípios) a extinção das tarifas específicas de IP e recomendou (?) a adoção, em cada caso, da tarifa mais indicada no quadro do novo tarifário para 2013. O ponto dois do mesmo artigo diz: “Se os clientes que beneficiam da tarifa de iluminação pública não procederem à escolha da opção tarifária que pretendem, o comercializador de último recurso deve faturar de acordo com a opção tarifária que for considerada mais favorável ao cliente”. Analisando as opções disponíveis verifica-se que esta indicação por parte da EDA deverá ter sido a opção tri-horária. No entanto e apesar de ser a melhor escolha, representou sempre um aumento global da tarifa paga pelos municípios e governo regional a partir de janeiro de 2013. A tarifa tri-horária compreende três períodos ao longo do dia. Mesmo considerando que o consumo de IP encaixa maioritariamente no vazio (22h00-08h00) onde a tarifa é substancialmente mais reduzida, ainda assim e especialmente nos meses de inverno em que anoitece mais cedo e mesmo levando em conta o atraso na ligação e avanço no desligamento das luminárias, sobram ainda algumas horas de consumo fora do vazio, período em que o custo da energia é quase o dobro do valor da extinta tarifa. Há que acrescentar o custo da potência contratada por ligação que passou a ser faturado enquanto no anterior regime não existia.
Ponderadas estas alterações, julgo não poder existir surpresa no aumento anunciado das faturas dos municípios. As questões que se podem colocar são noutros termos: ter-se-ão as autarquias apercebido do impacto da extinção das tarifas especiais para IP e ter-lhe-ão dado a devida importância? Terão solicitado a alteração para o tarifário mais favorável ou estarão, nesta altura, a pagar o tarifário simples, cerca de 40% mais elevado? Terão sido aconselhadas na opção pelo novo tarifário? Caso não tenham comunicado a opção, a alteração para tarifa tri-horária terá sido automática, de acordo com as disposições do RRCSE?
Independentemente do cenário que poderá não ser generalizado – cada caso é particular, até porque nem todas as autarquias aderiram à redução de consumos na mesma proporção – urge encontrar um conjunto de medidas mitigadoras deste aumento da faturação municipal de IP. Em tempo de contenção orçamental é imperioso um plano de intervenção que atenue os efeitos deste novo quadro tarifário e que liberte os municípios de mais este estrangulamento financeiro. E pode não ser assim tão difícil. Mas deste assunto tratarei na segunda parte desta publicação.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

POSEI ENERGIA: UM NOVO FÔLEGO PARA OS AÇORES?

De acordo com uma nota divulgada pelo gabinete da Eurodeputada Maria do Céu Patrão Neves, a sua Emenda sobre a criação de um POSEI para a energia foi hoje aprovada:


Decorreu esta manhã a votação do Relatório Manner sobre "Desafios e oportunidades actuais na área das energias renováveis no mercado europeu da energia".
Segundo a Eurodeputada Patrão Neves "este relatório debruça-se sobre a Comunicação da Comissão Europeia intitulada Energias Renováveis: um agente decisivo no mercado europeu de energia e prevê a diversificação do aprovisionamento energético com vista à melhoria da competitividade europeia mediante a criação de novas actividades económicas, postos de trabalho, crescimento económico e oportunidades de exportação, reduzindo simultaneamente as emissões de gases com efeito de estufa. De facto, relativamente às energias renováveis, o objectivo é muito ambicioso e é um dos mais relevantes na Estratégia Europa 2020 para um crescimento sustentável e nós nos Açores, podemos e devemos tirar proveito destas orientações, dadas as condições excepcionais que dispomos neste sector, como sejam a geotermia, a energia eólica, hídrica, entre outras."Reconhecendo a importância deste relatório para os Açores, especialmente numa lógica de redução de custos, de protecção ambiental e de um desenvolvimento sustentável, Patrão Neves apresentou contributos para o mesmo no sentido de potencializar a participação das regiões ultraperiféricas, como os Açores, neste domínio. Neste contexto, a sua proposta de um Posei energia foi aprovada esta manhã em Bruxelas.
Segundo a Eurodeputada "tendo em conta a importância que as estratégias sustentáveis desenvolvidas a nível local desempenham em termos de desenvolvimento regional e social, julgo que se tornaria necessário, dados os condicionalismos geográficos e as nossas especificidades, a criação de um programa específico na área da energia, tipo POSEI, de modo a fazer face a todas as situações que atrás referi e explorar eficazmente o potencial único dos Açores."E assim aconteceu.

A finalizar a sua intervenção, Patrão Neves afirmou "esta é mais uma pequena vitória para os Açores, que a curto ou a médio prazo, caso tudo se mantenha como está, poderá vir a disponibilizar para os Açores algum financiamento específico para que a região consiga alcançar as metas previstas na Estratégia 2020, ao nível do recurso às energias renováveis".

Trata-se de uma excelente notícia para os açorianos. Espera-se que este financiamento possa servir para a consolidação da Região como pólo de investigação e desenvolvimento na área da energia, uma capacidade que defendo há muito tempo e que com esta conquista recebe um novo impulso.
Recordo que os Açores, de há uns anos a esta parte, ultrapassa a média europeia em matéria de produção de eletricidade por via renovável e a meta dos 20% definidos na Estratégia Europa 2020.
No período 2007-2010 assistimos a uma produção renovável média de 27,1% na Região com um pico de 30% em 2011 e um ligeiro decréscimo (28%) em 2012. Embora existindo, ainda, alguma margem de manobra, estes valores tenderão a estabilizar em torno destes números. Os condicionalismos nas nossas micro-redes e a tendência para a redução dos consumos face aos constrangimentos económicos que vivemos condicionam económica e tecnicamente o incremento da produção renovável em terras açorianas.
Em 2010 a produção renovável nos Açores foi de 28,1% sendo a média dos 27 países da UE de 19,9%. Em 2012 não será difícil adivinhar que a meta dos 20% foi ultrapassada.

Electricity generated from renewable energy sources, EU-27, 2000-2010

domingo, 17 de fevereiro de 2013

EDIFÍCIOS SUSTENTÁVEIS: NOVO VIDRO CAPAZ DE GERAR ENERGIA


Oxford PV Products
Cada vez mais se perspetiva o aumento da produção descentralizada de energia elétrica para consumo próprio dos edifícios ou para entrega às redes de distribuição públicas ou privadas. Estas terão, mais cedo ou mais tarde, de se adaptar a esta realidade emergente evoluindo no sentido de adquirirem capacidade para gerir a penetração deste contributo na maioria dos casos intermitente.
A par deste caminho que me parece incontornável, a evolução tecnológica segue o seu rumo natural surgindo a cada dia novas técnicas e produtos que consolidam a ideia de cidades ou regiões com enorme capacidade de aproveitarem os recursos naturais para produzirem a sua própria energia.
É um tema complexo do ponto de vista técnico e económico mas os sinais que surgem um pouco por todo o mundo parecem garantir este modelo futuro de integração de sistemas mini e microprodutores nas grandes redes de energia. 
Foi recentemente noticiado um projeto de uma empresa inglesa que consiste na criação de um vidro transparente e colorido capaz de gera energia elétrica a partir da luz solar com custos reduzidos. Estima-se que as novas células solares representariam um aumento de apenas dez por cento no valor final dos vidros para a construção civil, segundo a responsável pelo projeto, a Oxford PhotoVoltaics.
Atualmente, o principal recurso utilizado para gerar energia elétrica a partir da luz solar nos prédios consiste em painéis fotovoltaicos, estruturas de grande dimensão instaladas no cimo dos prédios, cuja instalação ainda representa um investimento elevado.
Para já o rácio de conversão energética é de apenas 10,7% mas a companhia prevê o crescimento da eficiência do processo para valores idênticos ou superiores aos das células utilizadas nos painéis convencionais.
Esta semana, a Oxford PhotoVoltaics anunciou que recebeu um contributo de mais de 2,3 milhões de euros da empresa MTI Partners que deve ajudar o negócio a atingir a via comercial, segundo o site Design Build Solar.
O objetivo, esse é simples: balancear a relação consumo/produção energética dos edifícios tornando-os, portanto, mais sustentáveis. Fazer com que as infraestruturas consumam menos energia e produzam mais, para auto-consumo e/ou venda do excedente. 

fonte: Oxford PhotoVoltaics

sábado, 9 de fevereiro de 2013

SuperDARN: O CARNAVAL CIENTÍFICO CONTINUA!



Nos últimos quatro ou cinco anos foi “vendida” aos açorianos a ideia de que o arquipélago se encontra na vanguarda da ciência espacial. Chegámos mesmo a ler e a ouvir referências a um “cluster espacial" nos Açores. Lançou-se a construção de um parque tecnológico ao qual se deu o nome, até giro e high-tech, de Nonagon, que albergará (há quem acredite) empresas como a Microsoft e outras do género. No Pico existe uma estação de medição da poluição atmosférica em altitude a que dão o simpático nome de PICO-NARE mas que não passa disso mesmo, um equipamento de monitorização e registo de dados. Assim como existe na Graciosa uma estação internacional de deteção de ensaios nucleares com uns quantos sensores que debitam informação para uma qualquer base de dados informatizada e instalada sabe-se lá onde. Em Santa Maria existe uma estação de rastreio espacial, com mais uma antena e afins, que não trouxe nada de novo à região apesar do seu potencial.
Pelo meio desta verborreia de falácias e falsos vanguardismos veio a notícia do envolvimento da região no projeto SuperDARN cujo último episódio ocorreu na passada semana com a assinatura de contratos de arrendamento de terrenos para a instalação de infraestruturas. As palavras do novo secretário regional que tutela estas matérias de tecnologia, anunciam um discurso mais realista e cauteloso não escapando, no entanto, à tentação de fazer com que as coisas pareçam mais do que afinal são. Em primeiro lugar convém perceber minimamente o que é isto do SuperDARN. Trata-se de um projeto internacional de nome Super Dual Auroral Radar Network que tem como objetivo estudar a atmosfera superior da terra e a ionosfera fornecendo aos cientistas dados que permitam, além de melhor compreender os fenómenos eletromagnéticos nestas camadas, analisar a propagação e reflexão de ondas de alta frequência. Esta tecnologia é por muitos relacionada com outro projeto americano, o HAARP (High Frequency Active Auroral Research Project) dadas as suas semelhanças concetuais. O HAARP, tido como uma investigação para melhorar as comunicações, é também apontado como uma tentativa de criar uma “arma climatérica” com a capacidade de despoletar eventos extremos como secas, cheias, tempestades, furacões, terramotos ou até mesmo fadiga crónica nas populações. Ainda se desconhece se a argumentação dos teóricos da conspiração do HAARP tem fundamento mas os sinais e as análises já publicadas são no mínimo preocupantes..
É importante que se perceba de uma vez por todas que quem decide trazer estes projetos para a região não somos nós. Para quem realmente escolhe e decide, somos vistos como nove pedaços de terra que emergem das águas atlânticas e, ora vejam que sorte, isso até acontece em coordenadas geográficas oportunas! Isto quer dizer que estas antenas e estações vêm cá parar assim como iriam “aterrar” em ilhas onde não houvesse um único ser vivo, se fosse o caso de estarem mais bem posicionadas. Afirmar que estamos na vanguarda da tecnologia ou que se desenha um cluster espacial regional são declarações políticas despropositadas. Continuar a afirmar que a presença destes equipamentos vai dinamizar a economia regional, criar emprego e aumentar o fluxo de visitantes à região é insistir numa ilusão. E a continuar-se por essa via, ainda haverá quem queira converter o Parque Urbano de Ponta Delgada num campo de lançamento de vai-e-vens espaciais ou as Portas do Mar num centro de lançamento de satélites com a marca Açores.
O Carnaval continua, apenas mudaram as máscaras dos “matadores” da ciência nos Açores. O setor energético, esse, fica sempre no fundo da memória de quem sonha com uns Açores vanguardistas. Lembram-se da central de energia das ondas do Pico, uma das únicas do género no mundo? 



Sabem o que fizeram com este projeto científico? Já agora, sabia que decorre uma espécie de peditório intitulado “HELP THE PICO POWER PLANT”?

Isto, meus senhores, é o que se faz com a ciência por estas bandas.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

CARRO ELÉTRICO: BATERIAS DE LÍTIO-AR EM 2020


Karl Marx disse um dia que a história se repete sempre. Primeiro como uma tragédia e depois como uma farsa. O mundo tende a aceitar os carros eléctricos, puros ou híbridos, como os veículos do futuro. Mas a verdade é que este futuro podia muito bem ser o presente e andarmos todos a conduzir veículos menos poluentes se não fosse a inigualável capacidade humana de cedência a lobbies de interesses económicos em detrimento da sustentabilidade. Pois é, corriam os anos de mil oitocentos e tais, em pleno século XIX, as damas e os cavalheiros de então passeavam-se em luxuosas carroças mas também em… carros eléctricos. Sim, a tecnologia eléctrica em que hoje se projecta o futuro da nossa mobilidade automóvel já existia numa época em que as donzelas vestiam espartilhos e volumosos vestidos, enquanto os homens trajavam fraques e cartolas.
Apesar da simplicidade das tecnologias dessa época, nasceram máquinas que ainda hoje nos fascinam pelo seu engenho e performance. A barreira dos 100km/h, por exemplo, foi atingida em 1899 pelo belga Camille Jenatzy no seu “La Jamais Contente”, um curioso veículo em forma de torpedo. 

"La Jamais Contente"

Em 1900, Ferdinand Porche apresentava um veículo eléctrico já com os motores integrados nas rodas e Waldmar Junger – pai da bateria de Níquel-Cádmio – conseguiu para o seu modelo uma autonomia de 150km. Quando o mítico Ford T – o primeiro carro a ser produzido em massa – saiu da linha de montagem os carros eléctricos eram mais populares do que os veículos com motores de combustão interna, barulhentos, poluentes e que arrancavam com uma manivela tal como se vê nos filmes a preto e branco dessa altura.

Ficheiro:TModel launch Geelong.jpg
Ford T

O ano de 1913 pode muito bem ter sido o início da tragédia da viatura eléctrica. Com a descoberta do motor de arranque eléctrico pela Cadillac, deixou de ser necessário ter um físico de Rambo para pôr a trabalhar um carro. Com esta invenção aliada à queda dos preços do Ford T produzidos em massa, o motor de combustão interna ganha terreno e atira o eléctrico para fora de combate.
Depois, a dar razão ao que apregoava Marx, deu-se um episódio que representa uma autêntica farsa. Na sequência do alarme que soou devido ao problema da poluição, antes ainda da polémica do aquecimento global, alguns fabricantes como a Toyota, a própria Ford ou a General Motors (GM) fizeram renascer o veículo eléctrico surgindo, entre 1996 e 2003, modelos como o RAV4, a primeira geração do Prius ou o mítico EV1 da americana GM. 

File:EV1A014 (1) cropped.jpg
EV1

Inicialmente comercializados em sistema de locação financeira de curto prazo para análise em uso real pelos seus proprietários, rapidamente estes modelos se transformaram num êxito entre aqueles que se davam ao luxo de os poder adquirir. As marcas começaram a ter que lidar com um problema: o sucesso dos seus modelos eléctricos. As inovações raramente chegam à comercialização quando a ideia coloca em causa  o lucro final do inovador. Ou seja, a última coisa que os fabricantes queriam era pôr em causa o altamente lucrativo negócio dos bebedouros de combustível! Não queriam fabricar carros de baixa manutenção quando tinham a possibilidade de produzir viaturas alimentadas a gasolina e diesel que teriam que voltar ao stand para mudar o óleo, fazer a revisão mecânica ou verificações de rotina onde os seus proprietários deixam o seu dinheirinho engordando o lucro dos insaciáveis gigantes da industria automóvel.
A farsa continuou com a entrada em cena de outros figurantes encabeçados pelas empresas petrolíferas. Voltaram a aproveitar o problema da autonomia para descredibilizar o carro eléctrico, compraram as patentes das baterias para travar o seu desenvolvimento tecnológico e impedir que a sua inovação chegasse ao mercado. Ironia das ironias e depois de uma batalha jurídica travada entre os gigantes da industria automóvel e petrolífera, de um lado, e os proprietários das viaturas eléctricas e diversos grupos ambientalistas, do outro lado, os primeiros conseguiram, inclusivamente, fazer vencer a teoria de que os seus próprios carros fariam aumentar a poluição, já que, sendo caros, fariam com que os automobilistas andassem mais tempo com as suas velharias (!). Portanto, haveria que simplesmente exterminá-los como se de um vírus mortífero e sanguinário se tratasse. Foi o que aconteceu, apesar do inglório esforço de grupos de cidadãos e proprietários desses carros que os viram “prensados” como lixo, literalmente falando porque isto aconteceu mesmo! Os pouco modelos que sobraram foram doados a museus e universidades.
Agora, com a necessidade de reduzir as emissões carbónicas e criar um novo cluster de penetração de fontes renováveis, técnicos e engenheiros (talvez os mesmos de há 6 anos) tentam ressuscitar o carro eléctrico procurando soluções para a massificação da tecnologia eléctrica. Não será para já, é certo. Mas a verdade é que, não tivesse a história estes negros episódios, a realidade das nossas estradas podia, hoje, ser bem mais silenciosa, limpa e económica. Bastava que a tecnologia que nasceu no século XIX tivesse seguido um percurso natural de investigação e desenvolvimento como tantas outras coisas – ou pelo menos as coisas em que as grandes corporações não vislumbram ameaças à sua hegemonia.
Entretanto e para que o carro elétrico possa "vingar" há que resolver dois problemas, ambos relacionados com o sistema de armazenamento de energia - as baterias. A este nível coloca-se o preço (o que inflaciona definitivamente o custo das viaturas) e a sua autonomia. Se os atuais veículos comercializados teriam sucesso em ilhas como as dos Açores ou Madeira, ou em pequenas cidades, certo é que a sua massificação só ocorrerá quando conseguirem alcançar maiores distâncias entre cargas. A investigação continua tendo agora Toyota e a BMW anunciado uma parceira para desenvolvimento da próxima geração de baterias de automóveis que se espera vir a ser mais potente do que as de iões de lítio, usadas na maioria dos veículos eléctricos sendo capaz de gerar uma grande parte das necessidades de um carro a partir do consumo de ar. O resultado traduz-se em baterias mais potentes do que as utilizadas actualmente em carros eléctricos.
A nova bateria permitirá aos veículos percorrer cerca de 805 Km com uma carga. As duas empresas anunciaram que o novo sistema estará completo em 2020.
Fonte: IBM Research