segunda-feira, 10 de junho de 2013

NOVA LÂMPADA TUBULAR DA PHILIPS PROMETE DUPLICAR EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


A gigante da indústria luminotécnica Philips anunciou que desenvolveu a lâmpada mais eficiente do mundo  na cor "branco quente" utilizando tecnologia LED. Projetada para substituir a iluminação fluorescente tubular que é amplamente utilizada em escritórios e instalações industriais, o novo TLED (tubo de díodos emissores de luz) tem o potencial de reduzir o consumo de energia em todo o mundo de forma significativa. A inovação na indústria de iluminação LED é geralmente medida com base em dois aspetos - a redução de custos e melhorias de eficiência. O primeiro é refletido no preço final enquanto o segundo é medido em termos de lumens por watt (lm/W), que traduzem a quantidade de luz visível emitida em função do consumo de energia elétrica.
De acordo com um Philips, o novo protótipo de tubo de iluminação produz 200 lm/W e deverá custar apenas um pouco mais(?) do que as lâmpadas fluorescentes tubulares tradicionais que produzem tipicamente entre 58 e 93 lm/W. 
Mas, sem dúvida, a inovação mais significativa com o novo TLED é que este produz branco quente (~ 2700K), o tipo de luz que maioria das pessoas prefere para a iluminação interna. Uma maneira fácil de aumentar a eficiência da lâmpada é aumentar a temperatura de cor. Assim, o facto de Phillips ter conseguido manter a temperatura neste intervalo inferior, embora atingindo os 200 lm/W, é ainda mais impressionante.
Globalmente, a iluminação representa 15-19% do consumo total de energia e as contas de iluminação do tubo fluorescente por mais da metade do mercado de iluminação. No contexto deste anúncio recente, a nova lâmpada da Philips chegará ao mercado no verão de 2015 e terá potencial para reduzir o consumo de energia em todo o mundo em mais de 7%.

domingo, 9 de junho de 2013

PRIVATIZAÇÃO DA EDA: PIOR CEGO É AQUELE QUE NÃO QUER VER.



Aprendi nos bancos da antiga escola primária que uma ilha é “uma porção de terra rodeada de mar por todos os lados”. Afinal, e segundo o EUROSTAT, uma ilha é definida como uma porção de território com pelo menos 1km2, localizada no mínimo a 1km de um continente e com uma população residente igual ou maior a 50 pessoas, sem ligação física permanente ao continente e sem albergar uma capital da união Europeia.
Com base nesta definição, a Comissão Europeia identificou 286 ilhas integrando a União Europeia. Juntas são a “casa” de quase 10 milhões de pessoas e ocupam uma área de cerca de 100.000 km2. A sua população concentra-se maioritariamente em três áreas geográficas: Atlântico, Norte da Europa e Mediterrâneo, sendo que este último conta com 85% da população destas ilhas. Pertencem a 11 países, com 5 estados-membro a possuírem 75% das ilhas. Assim, cerca de 2% da população da União Europeia vive em ilhas. A situação destes europeus em termos de abastecimento energético é particularmente diferente dos restantes cidadãos do velho continente. As ilhas europeias enfrentam desafios importantes e determinantes no sentido de satisfazerem as suas necessidades energéticas de forma sustentável, ou seja, ambientalmente equilibrada, segura e com custos racionais, adaptados aos tempos de crise económica.
Os sistemas energéticos em ilhas, apesar da sua diversidade, partilham características comuns e enfrentam desafios semelhantes. Atendendo à reduzida dimensão dos seus territórios, não existem economias de escala capazes de financiar produção energética própria. Como tal, boa parte das ilhas europeias não possuem muitas opções para diversificar as suas fontes energéticas, baseando a sua produção elétrica em centrais que operam queimando derivados de petróleo (gasóleo ou fuel). Este facto traduz-se numa elevada dependência de importações de combustíveis para a produção de eletricidade. Como tal, as ilhas são extremamente sensíveis à volatilidade do preço do petróleo. Outro aspeto reside no facto de, frequentemente, os sistemas energéticos em ilhas serem aparentemente um modelo “copy-paste” das soluções aplicadas nos seus países, muitas vezes desfasadas da realidade local. Os mercados ilhéus possuem características distintas, portanto, requerem uma abordagem diferente simultaneamente razoável e proporcional.
Devido ao seu isolamento, as ilhas necessitam de assumir medidas extraordinárias para garantir a estabilidade dos seus sistemas energéticos e a segurança no abastecimento. Estas medidas exigem uma especial e particular atenção nas ilhas comparativamente aos seus territórios nacionais, com a crescente penetração de fontes renováveis.
Desta forma, as duzentas e oitenta e seis ilhas existentes em território da União Europeia, sobretudo as mais pequenas como as açorianas, possuem sistemas energéticos muito peculiares que diferem substancialmente dos continentais em vários aspetos que determinam a sua atual situação e as suas opções em matéria de adoção de soluções sustentáveis.
A inexistência de economias de escala, o isolamento que impossibilita a interligação com outras redes de maior dimensão e o reduzido número de consumidores que estabilizam o mercado, inviabilizam a privatização das empresas eletroprodutoras. Os sistemas energéticos em ilhas necessitam de um quadro regulatório e de incentivos públicos estável que respondam aos desafios inerentes ao seu desenvolvimento e sustentabilidade.
Qualquer governo que não encare seriamente o setor energético como altamente estratégico, não é sério ou não sabe o que diz. Por tudo isto, caso a privatização da EDA se torne uma realidade, poderemos assistir a um tremendo erro político com consequências imprevisíveis para os açorianos e para a estabilidade do nosso sistema elétrico. Como diz o ditado, pior cego é mesmo aquele que não quer ver.

MAIS TRABALHO, MAIS CONSUMO, MENOS PRODUTIVIDADE.


Confesso que tenho alguma dificuldade em compreender os reais motivos e sobretudo o alcance e razoabilidade de algumas das medidas que, a um ritmo desenfreado, são anunciadas na procura do famoso ajustamento e equilíbrio das contas públicas nacionais. Uma das mais recentes e que poderá ser já incluída no orçamento retificativo a apresentar no final do mês pelo executivo, é o aumento do horário de trabalho das 35 para as 40 horas semanais na função pública. Segundo as contas do Governo esta medida permitirá uma poupança de 76 milhões de euros, se forem contabilizados os ganhos com a redução das horas extraordinárias. Por esta altura não haverá cidadão português que não duvide, no mínimo, das contas e previsões que debitam os “exceles” dos nossos (des)governantes. Uma das maiores interrogações que esta medida encerra e que deriva da falta de sustentação que sombreia estas estratégias é se foram feitas contas, por exemplo, aos fatores contrários que podem anular, pelo menos parcialmente, as expetativas governamentais. Refiro-me concretamente ao consumo de energia na administração pública que ultrapassa os 500 milhões de Euros anuais. Deste valor, cerca de 270 milhões são consumidos por edifícios públicos, ou seja, por quem lá trabalha. Só o consumo de eletricidade na função pública representa 10% do total nacional. 
Mais 256 horas de trabalho anual (mais ou menos o número de dias úteis por ano) implicam maior consumo de energia. Este fato é inegável e incontornável. Resta saber em que medida este acréscimo afetará a poupança prevista e, sobretudo, se trabalhar mais uma hora por dia resultará num incremento de produtividade que justifique a medida. Tenho as minhas dúvidas. Mais horas de trabalho e maior produtividade nem sempre são uma relação linear e proporcional. 
Qualquer economista concorda que a fórmula para um crescimento económico sustentável é a produtividade. Sem aumento de produtividade, o crescimento económico resulta sempre num aumento da inflação. Quando se diz produtividade, pensa-se em produtividade do fator trabalho. Mas existe outra produtividade que tem cada vez mais um papel central: a produtividade energética que representa a razão entre a riqueza produzida e o consumo de energia. É fundamental para um país como Portugal melhorar a produtividade energética. Por um lado, as importações de produtos energéticos representam quase 50% do défice da nossa balança comercial. Por outro lado, os custos da energia vão continuar a sua trajetória ascendente nos próximos anos. No entanto, a intensidade energética (consumo de energia primária por um milhão de euros de PIB), em Portugal, tem continuado a divergir da média europeia. A produtividade energética deveria presidir a todas as decisões de política energética, o que não acontece hoje. Veja-se o exemplo da eletricidade em Portugal Continental, Açores e Madeira, que continua a ser subsidiada sendo os preços do kWh mantidos artificialmente baixos pelo Estado, através do défice tarifário. Uma perversão do incentivo: quanto mais energia gastamos maior é o valor total que o Estado gasta em subsídio à minha energia. Os custos de ser ineficiente são mais baixos e os investimentos em eficiência energética menos atrativos. Como podemos esperar mais produtividade energética dos agentes económicos quando incentivamos o seu contrário?