terça-feira, 13 de agosto de 2013

"O SOLE MIO"

Não haverá provavelmente ninguém que não reconheça os acordes de “O Sole Mio”, a famosa canção italiana (napolitana) escrita por Eduardo di Capua e imortalizada por inúmeros cantores dos mais variados géneros musicais. Sendo verão, tempo de férias e de descanso bem merecido, é frequente lembrar-me da letra desta música e da sua harmoniosa melodia. O “sole” da canção personifica a luz, o brilho e o calor do “astro rei” e o seu papel central na vida de cada um de nós. A estrela que alimenta a vida no nosso planeta.
Se a energia é num sentido lato definida como o “sangue” do nosso planeta, o sol pode muito bem dizer-se, é o “coração” da terra. Tudo gira em torno do sol. Ora mais encoberto pelas teimosas nuvens que por estas latitudes abundam, ora mais atrevido com o seu brilhante e quente disco luminoso, o sol é, na realidade, a mais importante e abundante fonte energética de que a humanidade dispõe.
Na realidade e apesar de tudo o que se possa dizer, existem apenas três fontes primárias de energia: nuclear, geotérmica e solar (podemos considerar uma pequena exceção que é a energia das marés, alimentada pelas forças gravitacionais tanto do sol como da lua). A energia solar é a fonte original da biomassa, da energia eólica, dos combustíveis fósseis, e até mesmo da energia hidroelétrica. O sol cria gradientes de temperatura na superfície da Terra, que geram o vento. A fotossíntese da biomassa vegetal é produzida por fotões solares. É essa biomassa que ficou enterrada ao longo de milhões de anos e que contribuiu para a formação do petróleo que hoje se extrai do subsolo. As centrais hidroelétricas aproveitam a energia potencial da água. Mas a água tem de surgir de alguma forma. É o sol que cria a água no estado líquido através da evaporação, que é posteriormente libertada sob a forma de chuva.
Essas “fontes” de energia - eólica, biomassa e hídrica - acabam por não ser verdadeiramente fontes primárias de energia. São apenas maneiras diferentes de converter a energia solar noutra forma.
A dinâmica solar é também a fonte de inspiração dos cientistas que estudam a fusão nuclear. Este processo (não confundir com a fissão nuclear, o método convencional utilizado nas centrais nucleares) não é mais do que reproduzir em ambiente controlado o que se passa no astro rei: a fusão de átomos de hidrogénio num ambiente de elevadíssima amplitude térmica. Por isso se sabe, hoje, que o sol se consome a si próprio e que um dia se extinguirá, tal como o conhecemos hoje. Mas não se assuste pois ainda faltam uns bons milhares de milhões de anos. Entretanto, físicos de todo o mundo ambicionam dominar este processo e futuramente produzir eletricidade a partir do calor gerado pela fusão. Há quem acredite ser esta a fonte energética do futuro.
Se para si o sol é sinónimo apenas de férias, descanso e convívio, lembre-se que ele é o maior responsável pela eletricidade que chega à sua casa, pelo combustível que põe no seu carro, e se quiser, pelos alimentos que fornecem a energia química que o seu corpo transforma e que o faz viver. E talvez dê por si a trautear a famosa canção italiana nem que seja para atenuar a infelicidade por mais um dia de “capacete”, tão frequente por estas bandas como o magnífico verde destas nossas inigualáveis ilhas, que teima em esconder o sol que tanto aprecia numa boa tarde de praia.

Continuação de bom verão!

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