Não haverá provavelmente ninguém que não
reconheça os acordes de “O Sole Mio”, a famosa canção italiana (napolitana)
escrita por Eduardo di Capua e imortalizada por inúmeros cantores dos mais
variados géneros musicais. Sendo verão, tempo de férias e de descanso bem
merecido, é frequente lembrar-me da letra desta música e da sua harmoniosa melodia.
O “sole” da canção personifica a luz, o brilho e o calor do “astro rei” e o seu
papel central na vida de cada um de nós. A estrela que alimenta a vida no nosso
planeta.
Se a energia é num sentido lato definida
como o “sangue” do nosso planeta, o sol pode muito bem dizer-se, é o “coração”
da terra. Tudo gira em torno do sol. Ora mais encoberto pelas teimosas nuvens
que por estas latitudes abundam, ora mais atrevido com o seu brilhante e quente
disco luminoso, o sol é, na realidade, a mais importante e abundante fonte
energética de que a humanidade dispõe.
Na realidade e apesar de tudo o que se
possa dizer, existem apenas três fontes primárias de energia: nuclear,
geotérmica e solar (podemos considerar uma pequena exceção que é a energia das
marés, alimentada pelas forças gravitacionais tanto do sol como da lua). A
energia solar é a fonte original da biomassa, da energia eólica, dos
combustíveis fósseis, e até mesmo da energia hidroelétrica. O sol cria
gradientes de temperatura na superfície da Terra, que geram o vento. A
fotossíntese da biomassa vegetal é produzida por fotões solares. É essa
biomassa que ficou enterrada ao longo de milhões de anos e que contribuiu para
a formação do petróleo que hoje se extrai do subsolo. As centrais
hidroelétricas aproveitam a energia potencial da água. Mas a água tem de surgir
de alguma forma. É o sol que cria a água no estado líquido através da
evaporação, que é posteriormente libertada sob a forma de chuva.
Essas “fontes” de energia - eólica,
biomassa e hídrica - acabam por não ser verdadeiramente fontes primárias de
energia. São apenas maneiras diferentes de converter a energia solar noutra
forma.
A dinâmica solar é também a fonte de
inspiração dos cientistas que estudam a fusão nuclear. Este processo (não
confundir com a fissão nuclear, o método convencional utilizado nas centrais
nucleares) não é mais do que reproduzir em ambiente controlado o que se passa
no astro rei: a fusão de átomos de hidrogénio num ambiente de elevadíssima
amplitude térmica. Por isso se sabe, hoje, que o sol se consome a si próprio e
que um dia se extinguirá, tal como o conhecemos hoje. Mas não se assuste pois
ainda faltam uns bons milhares de milhões de anos. Entretanto, físicos de todo
o mundo ambicionam dominar este processo e futuramente produzir eletricidade a
partir do calor gerado pela fusão. Há quem acredite ser esta a fonte energética
do futuro.
Se para si o sol é sinónimo apenas de
férias, descanso e convívio, lembre-se que ele é o maior responsável pela
eletricidade que chega à sua casa, pelo combustível que põe no seu carro, e se
quiser, pelos alimentos que fornecem a energia química que o seu corpo
transforma e que o faz viver. E talvez dê por si a trautear a famosa canção
italiana nem que seja para atenuar a infelicidade por mais um dia de “capacete”,
tão frequente por estas bandas como o magnífico verde destas nossas
inigualáveis ilhas, que teima em esconder o sol que tanto aprecia numa boa
tarde de praia.
Continuação de bom verão!
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